O objetivo principal da presente proposta é transferir capacidades de forma a melhor facilitar o debate em torno da educação superior de indígenas, qualificando-o. Pensa-se aqui a educação superior de indígenas como espaço eminentemente político de formação, mediatizada pela universidade, de uma nova geração de agentes sociais que ocuparão posições importantes seja no plano local, regional ou nacional, tanto para suas coletividades, quanto para os movimentos indígenas, e para si mesmos enquanto indivíduos. Para tanto é necessário aportar novos conhecimentos ao debate, de modo a que seja possível repensar o já feito, fora de circuitos bastante comprometidos com uma (auto)avaliação, endógena a certo circuito, por princípio, positiva. O registro de lições aprendidas quanto a sucessos e insucessos será feito com fins de disseminação e circulação de conhecimentos, de modo a transferir capacidades, inclusive a agentes e organizações indígenas. Uma atenção especial será dada às experiências de indígenas na pós-graduação e o quanto este nível de formação tem sido – ou não – importante nos rumos profissionais, pessoais e políticos de cada indígena formado, bem como às trajetórias de formação de cada um.
Por meio de atividades dispostas em três metas específicas, pensa-se em propiciar a conexão do debate sobre formação superior de indígenas aos temas das alternativas de sustentabilidade, dos modos formação política, da construção coletiva e individual de orgulho étnico. Essas três metas são:
a) avaliação dos resultados de iniciativas relativas à educação superior de indígenas – produção de conhecimentos para reflexão analítica e de subsídios à gestão;
b) fomento ao debate público e divulgação de informações;
c) qualificação do debate acerca da educação superior de indígenas e de sua relação com as problemáticas da sustentabilidade e da formação política de uma intelligentsia indígena.
Pretende-se pensar na importância da busca de maior eqüidade face à diversidade sócio-cultural, ao papel político transformador da incorporação da pauta da diversidade na vida organizacional de instituições de ensino superior e nas dinâmicas de Estado, bem como na conexão até o momento pouco explorada – ainda que extremamente presente na vida indígena contemporânea – entre demanda por ensino, possibilidades de emprego e obtenção de renda para as próprias coletividades indígenas, e não apenas para os indivíduos. Nesse sentido, este trabalho será feito tendo em mente a conexão intergeracional de indígenas, o fluxo de informações e diálogos entre as aldeias e as cidades.
Os produtos programados para as atividades são: 5 relatórios de pesquisa, 2 seminários, 2 relatórios dos seminários, depoimentos e debates gravados em vídeo para divulgação em site eletrônico, uma oficina de formação em mídias (divulgação em vídeos, organização de protótipo de rede, relatório), 6 livros em formato digital e em pequenas tiragens impressas para distribuição (1 com os textos resultantes das atividades da meta 1, 2 resultantes dos seminários da meta 2, 3 resultantes da meta 3), assessoria a organização indígena.